Ferreira Gullar

  Onde começo, onde acabo,

se o que está fora está dentro

como num círculo cuja

periferia é o centro?


Estou disperso nas coisas,

nas pessoas, nas gavetas:

de repente encontro ali

partes de mim: risos, vértebras.


Estou desfeito nas nuvens:

vejo do alto a cidade

e em cada esquina um menino,

que sou eu mesmo, a chamar-me.


Extraviei-me no tempo.

Onde estarão meus pedaços?