Belchior

O que é que pode fazer o homem comum Neste presente instante senão sangrar? O que é que eu posso fazer Um simples cantador das coisas do porão? Botas de sangue nas roupas de Lorca Olho de frente a cara do presente e sei Que vou ouvir a mesma história porca Não há motivo para festa: Ora esta! Eu não sei rir à toa! Fique você com a mente positiva Que eu quero é a voz ativa Pois sou uma pessoa Esta é minha canoa: Eu nela embarco A palavra pessoa hoje não soa bem Pouco me importa! Não! Você não me impediu de ser feliz! Nunca jamais bateu a porta em meu nariz! Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos! Não sou da nação dos condenados! Não sou do sertão dos ofendidos! Você sabe bem: Conheço o meu lugar! ********** Não quero regra nem nada Tudo tá como o diabo gosta, Já tenho este peso, que me fere as costas e não vou, eu mesmo, atar minha mão O que transforma o velho no novo bendito fruto do povo será E a única forma que pode ser norma é nenhuma regra ter é nunca fazer nada que o mestre mandar Sempre desobedecer Nunca reverenciar. ********** Quero desejar, antes do fim, pra mim e os meus amigos, muito amor e tudo mais; que fiquem sempre jovens e tenham as mãos limpas e aprendam o delírio com coisas reais. Não tome cuidado. Não tome cuidado comigo: que eu não sou perigoso: - Viver é que é o grande perigo