T.S. Eliot

Eis-me aqui, um velho em tempo de seca, Um velho numa casa onde sibila a ventania, Uma cabeça oca entre os vazios do espaço. No quarto escuro, não tenho fantasmas. Numa profusão de espelhos, que irá fazer a aranha? Interromper o seu bordado? Suponha agora que a história engendra muitos e ardilosos labirintos. Corredores e saídas, que ela seduz com sussurrantes ambições. Suponha agora que ela somente nos dá algo enquanto estamos distraídos. E dá tarde demais. Suponha que nem medo nem audácia aqui nos salvem. Enfim suponha que não dei à toa esse espetáculo E nem o fiz por nenhuma instigação de demônios ancestrais. Quanto a isto, é com franqueza o que vou te dizer: Eu, que perto de teu coração estive, daí fui apartado. Perdi visão, olfato, gosto, tato e audição: Como agora utilizá-los para de ti me aproximar? (tradução: Ivan Junqueira)* *edição: José Claisson Aléssio