Há um lado em mim que é mudo.
Costumo chegar sobraçando florilégios,Visitando os frades, com saudades do colégio.
Um lado vulgar em mim,
Dispensando-me incessante de um cortejo.
Um lado lírico também:
Um animal em mim,
Na solidão, cão,
No circo, urso estúpido, leão,
Em casa, homem, cavalo…
Há um lado lógico, certo, irreprimível, vazio
Como um discurso,
Um lado frágil, verde-úmido.
Há um lado comercial em mim,
Moeda falsa do que sou perante o mundo.
Há um lado em mim que está sempre no bar,
Bebendo sem parar.
Há um lado em mim que já morreu.
Às vezes penso se esse lado não sou eu.