Carlos Drummond de Andrade

 Mas era apenas isso, era isso, mais nada?

Era só a batida numa porta fechada?

E ninguém respondendo, nenhum gesto de abrir:

era, sem fechadura, uma chave perdida?

Isso, ou menos que isso uma noção de porta,

o projeto de abri-la sem haver outro lado?

O projeto de escuta à procura de som?

O responder que oferta o dom de uma recusa?

Como viver o mundo em termos de esperança?

E que palavra é essa que a vida não alcança?