Ou uma cega máscara impessoal que ocultaria algo na certa atroz.
Temi também que o silencioso tempo do espelho se desviasse do curso cotidiano,
dos horários do homem e hospedasse em seu vago extremo imaginário,
seres e formas e matizes novos.
(Não disse isso a ninguém, menino tímido.)
Agora temo que o espelho encerre o verdadeiro rosto de minha alma,
Lastimada de sombras e de culpas, o que Deus vê e talvez vejam os homens.”
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Sou apenas a sombra que projetam essas íntimas sombras intrincadas.
Sou sua memória, e sou também o outro que, como Dante e os homens todos, já esteve no raro paraíso.
E nos muitos infernos necessários.
Sou o que não conhece outro consolo que recordar o tempo da ventura.
Às vezes sou a ventura imerecida.
Sou o que sabe não passar de um eco,
O que anseia morrer inteiramente.
Sou talvez o que tu és no sonho.
Edição de texto: José Claisson Aléssio