Jorge de Lima

Um barão assinalado sem brasão,
 sem gume e fama cumpre apenas o seu fado:
amar, louvar sua dama,
dia e noite navegar, que é de aquém e de além-mar a ilha que busca .

Nobre apenas de memórias, vai lembrando de seus dias,
 dias que são as histórias,
 histórias que são porfias de passados e futuros,
 naufrágios e outros apuros,
 
 Mastros que apoiam caminhos a países de outros vinhos.
 Barão ébrio, mas barão, de manchas condecorado;
entre o mar, o céu e o chão
 fala sem ser escutado a homens e aves.

 Mesmo sem naus e sem rumos, mesmo sem vagas e areias,
 há sempre um copo de mar para um homem navegar.
 Nunca chegamos eu e a ilha movediça.
 Móvel terra, céu incerto, mundo jamais descoberto.

Indícios de canibais, sinais de céu e sargaços,
 aqui um mundo escondido geme num búzio perdido.
 E esse veleiro sem velas!
 Quereis outros achamentos além dessas ventanias tão tristes