Mário Quintana

 A que mundo

Pertenço?

No mundo há pedras, baobás, panteras,

Águas cantarolantes, o vento ventando

E no alto as nuvens improvisando sem cessar.

Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.

Porque apenas existem…

Enquanto isto,

O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses

E, cheios de esperança e medo,

Oficiamos rituais, inventamos

Palavras mágicas,

Fazemos

Poemas, pobres poemas

Que o vento

Mistura, confunde e dispersa no ar…

Nem na estrela do céu nem na estrela do mar

Foi este o fim da Criação!

Mas, então,

Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos ?

Quem faz – em mim – esta interrogação?