O automóvel corre
A lembrança morre
O suor escorre
A revolta latente
Que ninguém vê
E nem sabe se sente
Pois é, pra que?
O relógio aponta
O momento exato
Da morte incerta
A gravata enforca
O sapato aperta
E na minha porta
Ninguém quer ver
Uma sombra morta
Pois é, pra que?
Que rapaz é esse?
Que estranho canto
Saiu do nada
Desceu a estrada
O sangue na rua
A fome, a doença
Não sei mais porque
Que noite, que lua
Meu bem, pra que?
No fim do mundo
Tem um tesouro
Quem for primeiro
Carrega o ouro
A vida passa no meu cigarro
Quem tem mais pressa
Que arranje um carro
Prá andar ligeiro
Sem ter porque
Sem ter prá onde
Pois é, pra que?